” border=”0″ alt=”Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao podcast Três Irmãos (Foto: Print/Vídeo/Redação CFF” title=”Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao podcast Três Irmãos (Foto: Print/Vídeo/Redação CFF” />
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como “loucura” a movimentação de parlamentares de direita e extrema direita que tentam condicionar a votação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil à apreciação da anistia aos réus condenados por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A declaração foi dada neste sábado (27), em entrevista ao podcast Três Irmãos. Para Haddad, o projeto representa um avanço em termos de justiça social e tributária e não pode ser submetido a barganhas políticas.
“Nem me passa pela cabeça que isso possa estar sendo discutido, porque é uma loucura. Você vai submeter um projeto de justiça social, justiça tributária a isso? Faz a discussão que quiser, mas atrelar uma coisa à outra? Em vez de ser um dia de festa, que dia é esse? Vota com a tua consciência no projeto de imposto de renda”, disse o ministro.
Projeto do IR em pauta
A proposta que deve ser votada na próxima quarta-feira (1º) amplia a faixa de isenção para rendimentos de até R$ 5 mil mensais. Atualmente, só quem ganha até R$ 3.036 (equivalente a dois salários mínimos) não paga o tributo.
Estudos técnicos estimam que a mudança dobrará o número de trabalhadores isentos — passando de 10 milhões para 20 milhões de brasileiros — e trará alívio também para a faixa intermediária, já que prevê redução parcial da alíquota para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350. O Dieese calcula que cerca de 16 milhões de pessoas devem ser beneficiadas nessa faixa. Para compensar o impacto nos cofres públicos, cerca de 141 mil pessoas terão lucros e dividendos taxados em até 10%, motivo pelo qual a extrema direita tenta barrar a proposta.
Resistência no Congresso
O governo tenta garantir a aprovação da proposta em meio a pressões de parlamentares ligados ao relator do projeto da anistia, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Na semana passada, ele sugeriu que, sem a votação do perdão aos condenados antes, o avanço da pauta tributária estaria em risco.
Para o Planalto e para o PT, a tentativa de vinculação configura chantagem política e ameaça decisões já tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que as pautas não estão atreladas e marcou para quarta-feira a votação do projeto de isenção.
Jornada de trabalho e outras pautas
Na mesma entrevista, Haddad também defendeu o fim da escala de trabalho 6×1 (seis dias trabalhados para um de descanso). Para ele, a tendência é que os trabalhadores vivam mais tempo, mas com jornadas semanais menores, o que permitiria conciliar produtividade e qualidade de vida.
“Tudo me leva a crer que o equilíbrio entre essas coisas vai exigir que a gente trabalhe mais tempo ao longo da vida, mas menos dias por semana para usufruir melhor da vida”, afirmou.
O ministro destacou ainda a importância de liberar mais tempo para a vida pessoal, especialmente para quem tem filhos pequenos ou enfrenta jornadas de até 12 horas por dia.
Candidatura de Lula em 2026
Haddad confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será candidato à reeleição em 2026. “Ele é candidato, sim”, declarou, afastando as dúvidas levantadas por falas anteriores do próprio Lula.
Questionado sobre 2030, Haddad desconversou e disse que sua prioridade no momento é consolidar as mudanças econômicas em curso, como a reforma tributária sobre o consumo e o combate ao crime organizado via sufocamento das finanças das quadrilha.
Veja a entrevista completa aqui: https://www.youtube.com/watch?v=jDBjnisJW98.

