” border=”0″ alt=”No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que nunca houve registros que relacionassem o paracetamol ao TEA (Foto: Reprodução)” title=”No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que nunca houve registros que relacionassem o paracetamol ao TEA (Foto: Reprodução)” />
Agências regulatórias de saúde no Brasil, na Europa e a Organização Mundial da Saúde (OMS) reagiram com firmeza às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou o uso de paracetamol durante a gravidez ao desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo especialistas e autoridades, não há qualquer evidência científica que sustente essa ligação.
A OMS destacou, em nota, que “atualmente não há evidências científicas conclusivas que confirmem” a relação entre o consumo do medicamento e casos de autismo. A entidade ainda lembrou que nenhuma das diversas pesquisas já realizadas encontrou associação consistente.
Na Europa, a Agência de Medicamentos da União Europeia reforçou que não há novas evidências que justifiquem mudanças nas recomendações atuais para o uso do fármaco.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que nunca houve registros que relacionassem o paracetamol ao TEA. O medicamento é considerado de baixo risco e pode ser comprado sem receita médica, já que sua liberação segue critérios técnicos e científicos rigorosos.
O Ministério da Saúde também repudiou a fala do presidente norte-americano. Em nota, a pasta afirmou que “a saúde não pode ser alvo de atos irresponsáveis” e lembrou que a propagação de desinformação pode gerar consequências desastrosas para a saúde pública, como ocorreu durante a pandemia de Covid-19. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou nas redes sociais: “O Tylenol é causa do autismo? Mentira! Não existe nenhum estudo que comprove essa relação. Esse tipo de mentira coloca a vida das mães e dos bebês em risco”.
A declaração de Trump provocou apreensão especialmente entre mães de crianças autistas. A estudante de Farmácia Rayanne Rodrigues, mãe de uma criança com TEA nível dois, afirmou que a desinformação causa sofrimento desnecessário: “Muitas mães já carregam sentimentos de culpa e se perguntam o que fizeram de errado na gestação. Esse tipo de fala só reforça essa dor, quando sabemos que o autismo tem múltiplos fatores e não está relacionado ao uso de paracetamol”.
Entidades também reagiram. A Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Autistas Brasil) classificou a fala de Trump como irresponsável e discriminatória. O vice-presidente da entidade, Arthur Ataide Ferreira Garcia, destacou: “Até o momento, não há ensaios clínicos randomizados, metanálises robustas ou grandes estudos populacionais que apontem uma relação real. Essa declaração é uma estratégia de transformar nossa condição em um mal a ser combatido, numa cruzada capacitista em nome de um mundo supostamente mais normal”.
Além de desmentirem o boato, os órgãos de saúde ressaltaram a importância de não interromper tratamentos sem orientação médica. O Ministério da Saúde alertou que recusar o uso de paracetamol em situações de dor ou febre pode gerar riscos graves à gestante e ao bebê.
O Transtorno do Espectro Autista é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de comunicação, interação social e comportamentos repetitivos, podendo se manifestar em diferentes níveis de suporte. No Brasil, a legislação reconhece o autismo como deficiência e garante direitos específicos às pessoas com TEA e suas famílias.
A OMS, a União Europeia, a Anvisa e o Ministério da Saúde reiteraram que o paracetamol segue sendo considerado seguro, eficaz e uma das opções mais utilizadas no alívio da dor e no controle da febre, inclusive durante a gestação, desde que usado sob orientação médica.

