Na silêncio da madrugada, a direita se reuniu e deu uma rasteira no grupo de esquerda e em todo o Brasil colocando em pauta e aprovando projetos de interesse político contraditórios e polêmicos. Traídos por suas agendas e interesses pessoais, diversos parlamentares de esquerda baianos constam como ausentes na votação que manteve o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), apesar de a parlamentar ter sido condenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), à 10 anos de prisão por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, e a 5 anos e 3 meses pela perseguição armada a um apoiador do presidente Lula, na véspera do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, e está presa na Itália.
Durante a sessão foram registrados 227 votos a favor da cassação, 170 contra e 10 abstenções. Para Zambelli perder o mandato, eram necessários 257 votos dos 513 totais. Ou seja, por 30 votos a deputada não perdeu o mandato. A votação ocorreu no plenário na madrugada de hoje.
Entre os parlamentares que não registraram voto, estão a deputada federal Ivoneide Caetano (PT), que na tarde e noite de ontem (10), compartilhou registros em reuniões em Camaçari. De acordo com as redes sociais da deputada, ela participou da Formatura do Curso de Maquiadora do Programa Mulheres Mil no IFBA Camaçari e em seguida, da assinatura do Pacto pelo Enfrentamento ao Tráfico de Mulheres e ao Trabalho Escravo. Na manhã desta Quinta-feira (11), a deputada participou da vistoria no frigorífico onde estão acondicionados os frangos da Cesta de Natal do município.
Também entre os parlamentares baianos, que se absteve do voto sobre o tema João Leão (PP), ex-vice-governador da Bahia.Outros nomes conhecidos como Pastor Isidório (Avante-BA), Leo Prates (PDT-BA), Mário Negromonte (PP-BA), Otto Alencar Filho (PSD-BA), Antonio Brito (PSD-BA) e Bacelar (PV-BA) também não compareceram. A manutenção do mandato representa uma importante vitória para o grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), expondo a força da extrema direita no Congresso Nacional.
Mas, nem tudo está perdido. Zambelli ainda pode perder o mandato por faltas. Ela está presa na Itália e não contabiliza presença desde outubro, quando encerrou um período de licença que havia tirado. O regimento da Câmara diz que o deputado não pode faltar a mais de um terço das sessões ordinárias.
Pode até parecer que era caso perdido e os votos não fariam diferença no resultado final. Mas, a participação dos parlamentares em momentos cruciais como este, é fator determinante nesse engenhoso tabuleiro de estratégias e negociações políticas que muito importa à sua parcela de votantes e o eleitorado tem estado atento aos esforços de seus representantes e isso não parece ter sido levado em conta ainda mais em tempos de Redes Sociais. ‘Comeram mosca’, para dizer o mínimo.
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