Após todas as polêmicas e reviravoltas envolvendo as inscrições do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), realizadas pela gestão de Elinaldo Araújo (União) no final do ano passado, a Prefeitura de Camaçari decidiu adotar uma medida prática para reduzir as dúvidas da população. Além de divulgar a lista oficial de cadastrados, o município abrirá, a partir desta segunda-feira (10), um ponto especial de atendimento no Horto Florestal.
O serviço ficará disponível até o dia 28 de novembro, das 9h às 16h, e será conduzido pela Secretaria da Habitação (Sehab). O objetivo é atender pessoas que se inscreveram entre agosto e novembro de 2024 e que agora buscam entender em que estágio o processo se encontra, quais documentos ainda podem ser atualizados e como funciona a seleção dos beneficiários.
Segundo a Prefeitura, nenhuma nova inscrição foi realizada em 2025. Todos os cadastros feitos no ano passado foram mantidos e agora passam por uma fase de pré-seleção eletrônica no sistema SISHABI, homologado pela Caixa Econômica Federal. Após essa etapa, caberá à Caixa definir os contemplados, com base nos critérios sociais do programa. Quem não for selecionado inicialmente continuará com o cadastro ativo no sistema para futuras chamadas.
A lista completa pode ser consultada nos links:
https://www.camacari.ba.gov.br/wp-content/uploads/2025/11/diario-2747-2o-caderno.certificado.pdf ou https://cgm.camacari.ba.gov.br/transparencia/lista_sehab.php
Vai e vem
As inscrições do Minha Casa Minha Vida em Camaçari começaram em agosto de 2024, logo após a assinatura da ordem de serviço do empreendimento, quando as obras ainda estavam na fase de terraplanagem. Desde então, o processo foi marcado por disputas políticas, denúncias e incertezas para as mais de 20 mil pessoas que buscaram o cadastro.
Na época, a prefeitura também realizava mutirões de inscrições em diversos bairros, ao mesmo tempo em que o então prefeito Elinaldo Araújo apoiava a candidatura de Flávio Matos (União) à prefeitura. A pressa, a coincidência entre as inscrições e o período eleitoral e a comunicação em torno do processo, gerou questionamentos sobre possível uso político do programa.
Pouco depois, denúncias apresentadas pela deputada federal Ivoneide Caetano (PT) apontaram a presença de uma funcionária da Câmara Municipal coordenando cadastros no lugar da Secretaria da Habitação, levantando dúvidas sobre a transparência do processo.
Já em 2025, a nova gestão divulgou um parecer técnico indicando problemas como duplicidade de cadastros, informações incompletas, ausência de CadÚnico e indícios de priorização irregular. Chegou-se a considerar o cancelamento total das inscrições, o que gerou forte reação pública. Após protestos e negociações, ficou decidido que os cadastros seriam mantidos, mas submetidos a uma triagem rigorosa, agora conduzida pela Caixa.
Com a divulgação da lista dos inscritos e a abertura do posto de atendimento, a Prefeitura tenta reorganizar o processo e oferecer orientações diretas à população. A seleção final dos beneficiários ainda depende das análises em andamento, e a entrega das primeiras unidades permanece prevista para 2026.
